O Fim da Escala 6x1: Um Grito Popular que a Extrema Direita Nega
Interesses, Atraso e Identitarismo da Direita: por uma nova estratégia política
Quem está falando sobre o identitarismo da direita? Aqui, dou apenas algumas pinceladas no tema, porque sim, ele existe – a direita é completamente identitária, e ‘prometo’ retomar isso nas próximas news.
Mas, nessas poucas linhas abaixo, o mais importante é traçar um caminho obvio ululante para a estratégia política que surgiu a partir dos incômodos da extrema direita no debate sobre o fim da escala 6x1.
Que cada pauta de costume da extrema direita se transforme em uma pauta da esquerda sobre questões sociais: renda, trabalho e direitos!
O recado está dado: passou da hora de colocar a extrema direita em seu devido lugar – o lugar de defesa do patronato, dos mais abastados e de oposição aos direitos sociais conquistados em lutas históricas.
Sentiu!
A discussão sobre o fim da jornada 6x1 deixa evidente o desconforto da extrema direita (e não nos esqueçamos dos liberais e da direita tradicional), que, sem muita justificativa, tenta bloquear o debate, ignorando o mérito da questão e o esgotamento dos trabalhadores brasileiros diante de uma jornada exploratória e de uma remuneração baixa.
Quando o tema é a vida do povo, a extrema direita não tem nada a dizer.
O desespero foi tão grande que, em meio a uma discussão importante sobre jornada de trabalho, a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, Caroline de Toni (PL-SC), pautou para a sessão desta terça-feira (12) uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que proíbe o aborto no Brasil, até mesmo nos casos previstos em lei. É o retorno daquela ideia, já rejeitada pela população, de criminalizar as mulheres, ignorando que não há espaço para a perda de direitos conquistados.
O identitarismo gritante, que todos chamam, carinhosamente, de 'pauta de costumes'
Diante disso, fica uma pergunta: quem está questionando o identitarismo da extrema direita?
Paulo Guedes contra o povo
Quem se lembra de que, no auge da pandemia, Paulo Guedes e Bolsonaro recusaram a proposta de um auxílio emergencial mais robusto? Foi diante muita pressão que tiverem que voltar atrás.
Mais uma vez, é a direita contra o povo. Eles evitam o debate sobre o fim da jornada 6x1 porque não estão lá para defender os direitos dos mais frágeis; o que temos é um grupo de lobistas disfarçados de deputados.
A chaga dos influenciadores, dos quais 90% são de direita.
Deputados, herdeiros, pessoas que nunca trabalharam em uma jornada 6x1 – ou sequer trabalharam – todos do mesmo lado, dispostos a ignorar um debate que já acontece em várias partes do mundo. Apoiados pelos economistas de cartilha e pelos editoriais do Estadão, todos uníssonos e reacionários, sempre contra qualquer mudança. Desde a abolição, uma verdadeira elite do atraso.
Em Brasília, Nikolas Ferreira chegou a confessar: 'essa pauta é contra a direita'. Não dá nem para chamar isso de ato falho; é deliberado.
A estratégia é ir para o ataque: 4-3-3
O caminho é apenas esse: para cada pauta de costume, cada pauta identitária da direita, mais renda, melhores condições de trabalho, mais direitos. Menos Haddad, mais movimentos da sociedade civil.O fim da escala 6x1 representa o retorno da luta popular, tão cara à esquerda.
Não é que a máxima 'trabalhadores, uni-vos' faz sentido?
Menos Faria Lima, menos juros, mais condições para os pequenos empreendedores e para aqueles fora do alcance da CLT. Mais investimento, menos BC. Só temos essa saída: ouvir os trabalhadores e trabalhadoras deste país, dar voz a quem está na ponta, produzindo, sustentando a economia, trabalhando para que outros lucrem.
É hora de aproveitar que a direita está nas cordas e deixar claro de que lado cada um está nessa luta de classes – ou estamos falando de outra coisa?